domingo, 4 de março de 2012

Transgénicos? Saber mais - 2ª Parte

Senhor agricultor e Senhora agricultora tem alguma dúvida sobre o milho transgénico (variedades geneticamente modificadas)? 
Quer saber se valerá a pena o seu cultivo?


Veja aqui mais 5 questões para ajudar a refletir!
 
1. Uma variedade de milho transgénico pode cruzar-se com uma variedade híbrida ou com um milho regional?
Sim, pode, através do pólen (flor masculina) que vai no vento ou nas patas dos insectos (incluindo as abelhas), a partir de uma seara transgénica. Claro que isso provocará má vizinhança, quer com produtores quer com apicultores. Por exemplo, já há países na União Europeia que não permitem a venda de mel que contenha pólen transgénico... e as abelhas podem viajar mais de 10 km para recolher de pólen, nomeadamente de milho.

2. Quais as consequências da contaminação genética?
A contaminação com milho transgénico de variedades regionais de milho (que nalgumas regiões de Portugal são usadas para produção de broa) é muito grave pois pode ser impossível limpar a contaminação das semente e, assim, é mais uma variedade regional que se perde para sempre.
No caso de milho híbrido convencional a contaminação não será tão grave se o destino for a produção de rações, mas poderá encontrar-se alguma dificuldade na venda de milho contaminado se este for destinado à alimentação humana. Vai depender do comprador e do contrato.
Na contaminação de milho de agricultura biológica o agricultor perde a cer- tificação e o preço, ou seja, tem de vender no mercado convencional e perde o prémio diferenciador associado a uma produção de maior qualidade.

3. A distância de segurança definida por lei entre uma seara transgénica e uma de milho não transgénico será suficiente para evitar a contaminação genética?
A distância de segurança prevista na lei reduz a contaminação mas não a impede totalmente – isso mesmo é demonstrado nos relatórios anuais de acompanhamento dos cultivos transgénicos que são publicados pelo Ministério da Agricultura.

4. Comer milho transgénico é seguro para a saúde dos animais e das pessoas?
As empresas que inventaram estas sementes dizem que sim, mas só mostram os estudos que lhes convêm e em que as cobaias comem transgénicos em pequena quantidade e durante poucas semanas. Outros estudos, feitos em Universidades ou por cientistas independentes, já demonstraram efeitos negativos em diversos órgãos (desde o fígado aos rins, ao intestino e ao pâncreas).

Atualmente a aprovação de milho transgénico na União Europeia é um processo muito facilitista. Isso faz lembrar a aprovação de muitos pesticidas nos anos 50, 60 e 70 do séc. XX: inicialmente dizia-se que eram totalmente seguros e mais tarde acabaram por ser proibidos porque afinal eram muito tóxicos e, nalguns casos, causavam até cancro e outras doenças fatais (como no caso do DDT). As culturas transgénicas ainda estão na sua infância e há muita informação em falta. É inevitável que, à medida que se for investigando, os seus impactos negativos se tornem ainda mais visíveis.

A verdade é esta: os europeus não confiam nos transgénicos, e a esmagadora maioria dos consumidores não os quer comer. O único mercado que existe para os transgénicos é o das rações, precisamente onde os consumidores não podem escolher.

Mesmo em Portugal já existem proibições com base legal: a Região Autónoma da Madeira aplica sanções a quem cultivar milho geneticamente modificado no seu território e a dos Açores também decidiu criar uma zona livre de cultivos transgénicos. Algumas dezenas de municípios também criaram as suas próprias zonas livres, mas os governos têm impedido que essas decisões ganhem força de lei.

5. O milho transgénico autorizado pela comissão europeia é cultivado em todos os países da União Europeia?
Não! Há vários países – que incluem os maiores produtores de cereais da Europa – em que o milho MON 810 está proibido neste momento: Áustria, Hungria, França, Alemanha, Grécia, Luxemburgo, Bulgária, Itália e Polónia. As razões são várias, mas têm todas a ver com a proteção da agricultura, ambiente e economia nacionais. Em 2011, na União Europeia, apenas oito dos 27 Estados Membros cultivaram qualquer tipo de transgénico e, no total, a área foi muito limitada: inferior a cem mil hectares.

6. A utilização de variedades transgénicas de milho tornará o produtor mais ou menos dependente das empresas de sementes e de pesticidas? E fará aumentar a confiança dos consumidores nos produtos agroalimentares?

Pense nisto!


Fonte: PTF
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