terça-feira, 24 de julho de 2012

O Tribunal Europeu proíbe a comercialização de sementes tradicionais


O Tribunal de Justiça da União Europeia confirmou a 12 de julho a proibição da comercialização de variedades de sementes tradicionais e diversificadas que não estejam listadas no catalogo oficial da União Europeia. O partido dos verdes belga Ecolo propõe uma reforma da regulamentação, qualificando-a de "absurda.


Associações como Kokopelli ou Semailles passam a ser ilegais: eles preservam e distribuir sementes.

No entanto, seria suficiente incluir estas variedades  no catálogo oficial para as poder comercializar legalmente. O problema é que elas encontram-se no domínio público, e após 20 anos, se ninguém as reintegra no catálogo, elas saem. Isso exige pagar bastante caro, diz Catherine Andrianne da Semailles. "A causa desta regulamentação, há mais de 80% da biodiversidade que  desapareceu", disse ela.

Não basta pagar para registrar uma semente no catálogo oficial, a espécie tem também que cumprir os critérios de distinção, uniformidade, estabilidade (DUS). Segundo a Kokopelli estes critérios são discriminatórios, "pois implica que a semente seja... muito pouco variável. Apenas híbridos F1 ou variedades de linha, quase clônicas, atendem a esses critérios, que foram estabelecidas com o único propósito de aumentar a produtividade de acordo com as práticas da indústria."

Apesar de um abrandamento dos critérios de variedades chamadas de conservação, eles não são adequados para a variedade tradicional. Para Nature & Progrés e defensores de sementes guardadas pelos agricultores, "esta decisão é um grave contra-senso histórico semelhante a uma negação do selecção vegetal feito por seres humanos desde 10.000 anos."

Alguns produtores alternativos, como Semailles, não tencionam parar a comercialização das suas sementes, que consideram como um produto vivo e não um produto de fábrica.

A indústria defende quanto a ela as novas variedades: a regulamentação garante o financiamento da investigação. Para o professor Bernard Bodson da empresa Gembloux Agro Bio Tech ULG, as variedades conseguidas a partir da pesquisa em laboratório são mais resistentes e mais produtivas.

Dai a chamar o comércio de variedades tradicionais de concorrência desleal, vai um grande passo... Poderíamos classificar as variedades antigas no património natural, sem que isso impeça o desenvolvimento de novas variedades para os agricultores mais padronizados.

Os ecologistas reagem

"Ecolo, como muitas  outras organizações agrícolas e ambientais, consideram esses regulamentos completamente contrários à conservação da nossa biodiversidade e aos interesses dos agricultores. A rigidez absurda do catálogo oficial de sementes ameaça efectivamente muitas sementes antigas e parece feito por medida somente para algumas empresas multinacionais ", disse um comunicado.

O Partido dos Verdes belga pretende "mostrar o seu total apoio às muitas associações que, como Kokopelli, lutam pela preservação de variedades antigas e locais, e permitem assim de nos oferecer uma alimentação variada e de qualidade na vida quotidiana". Ecolo conta utilizar o seu peso a nível europeu e a nível nacional para obter uma modificação da lei.


Fonte: RTBF


Tradução livre: ZLO






terça-feira, 10 de julho de 2012

Documentário: O tesouro Algarvio


Este documentário acompanha o levantamento do património hortícola no interior algarvio.
Ana Arsénio e Zé Miguel Fonseca, são os protagonistas desta busca pelas sementes tradicionais.São mostradas várias fazes do projecto, desde a recolha das sementes, recolha dos garfos, workshops de preservação de sementes, mostra de variedades de tomates e o encontro dos guardiões de sementes (Mesa de sábios). 


Este documentário é também um agradecimento a todas as pessoas que participaram no levantamento, de relembrar o papel tão importante que têm, na defesa do nosso património vegetal cultivado e paralelamente contribuir para a dignificação dessa prática.

terça-feira, 3 de julho de 2012

Agronegócio e transgénicos estão por detrás do golpe no Paraguai




Várias entidades camponesas de diversos países da América Latina divulgaram uma nota acusando o agronegócio, a concentração de terras e o cultivo de transgénicos de estarem por trás do golpe no Paraguai. “Novamente, a América Latina se vê sacudida pelo atropelo da vontade popular, em mãos dos interesses 
corporativos do agronegócio”, iniciam a nota.

E prosseguem: “Uma complexa trama dos grandes produtores brasileiros sobre o Paraguai para plantar soja transgénica, junto à investida contra o governo para introduzir definitivamente os transgénicos em todo o país, terminou num golpe de Estado "express” no qual os aliados políticos do agronegócio actuaram rapidamente, para destituir o presidente do país.



As tentativas de destituir o titular do Servicio Nacional de Calidad y Sanidad Vegetal (Senave), engenheiro Miguel Lovera, com uma lista de acusações que incluía a sua posição "contra a produção agropecuária moderna” por parte da Unión de Gremios de la Producción (UGP) e a tentativa para liberar os transgêénicos – que era explícito no “tratoraço” prometido para o dia 25 de junho - deixam às claras a luta para torcer o braço de um governo que, com muitíssimas limitações, tinha começado a dialogar com os movimentos camponeses. Mal Lugo foi destituído, a medida de força (“tratoraço”) impulsionada pelo agronegócio foi suspensa.



A situação da terra e sua distribuição desigual, com 85% das terras –uns 30 milhões de hectares - nas mãos de 2% dos proprietários, somada à penetração de produtores brasileiros, produz uma tensão permanente na qual a violência paramilitar e por parte das forças públicas é algo quotidiano, e vem acompanhada pela criminalização das lutas camponesas.



O assassinato de Curuguaty, que aconteceu no dia 15 de Junho como resultado dessas tensões e a repressão estatal e paraestatal, que culminou com a morte de seis policias e 11 camponeses, foram utilizadas para empreender o julgamento político e o golpe institucional.




A Alianza Biodiversidad, condena o golpe, que tem recebido o rechaço de todo o povo paraguaio e denuncia as grandes corporações do agronegócio, com Monsanto e Cargill à cabeça, como responsáveis, junto aos grandes latifundiários locais e os políticos cúmplices, por este golpe. Estão amplamente demonstrados os vínculos e interesses comuns desses sectores.



Ao mesmo tempo, partilha o apoio político expresso pelos governos de distintos países e pela Unasul ao presidente constitucional Lugo, que constataram a violação de garantias processuais e democráticas por parte do vice-presidente, Federico Franco, de dirigentes políticos de diversos partidos e autoridades legislativas. Acompanha também as manifestações de repúdio e de solidariedade expressas por inúmeras organizações políticas e movimentos sociais de toda a América Latina.



Acompanha o povo paraguaio na sua resistência e compromete-se a sustentar a denúncia de ilegitimidade do actual governo e a apoiar a luta do povo paraguaio e as reivindicações das organizações camponesas e povos indígenas do Paraguai.



Hoje, todos somos Paraguai!



Assinam o documento a Alianza Biodiversidad, REDES-Amigos de la Tierra, Uruguay, GRAIN, Chile, Argentina y México, ETC Group, México, Campaña Mundial de las Semilla de Vía Campesina, Chile, Grupo Semillas, Colombia, Acción Ecológica, Ecuador, Red de Coordinación en Biodiversidad de Costa Rica, Costa Rica, Acción por la Biodiversidad, Argentina, Sobrevivencia, Paraguay e Centro Ecológico, Brasil.

Fonte: GAIA


Imagens: Dazibao
                          Humor Politico

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